segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Entrevista com o nadador Emanuel Gonçalves: À terceira é de vez?


Perfil

Nome: Emanuel Luís Abreu Gonçalves
Idade: 23
Clubes que representou: Clube Sport Marítimo, Clube Naval do Funchal, Clube Desportivo Nacional
Ano de iniciação: 1995
Patologia: síndrome de Guillain-Barré
Ídolos: Michael Phelps e Ian Thorpe
Provas predilectas:

Das que fazem parte do calendário Paralímpico: 100 metros Mariposa; 200 metros Estilos; 400 metros Livres.
Fora do calendário Paralímpico: 800 metros Livres, 1500m Livres, 200m Mariposa, 400m Estilos, 5000 metros Águas Abertas. 



Emanuel Gonçalves e a sorte andam desencontrados. Ex-recordista mundial dos 1500 m livres, vice-campeão europeu e vice-campeão mundial dos 5000 m águas abertas, o jovem nadador madeirense, de 23 anos, acalentava a participação nos Jogos Paraolímpicos de Londres depois de ter alcançado mínimos A nos 400 m livres e 200 m estilos, e mínimos B nos 100 m mariposa, na classe S10 (ver explicação abaixo), tendo-se sagrado campeão nacional nas três provas.


Contudo, o sonho paraolímpico foi novamente adiado - já que em 2008 Emanuel também tinha atingido os mínimos para disputar os Jogos de Pequim - devido à escassez de vagas atribuídas pelo Comité Paraolímpico Internacional à natação portuguesa. “Portugal apenas recebeu 3 vagas do IPC, e somos 6 rapazes com mínimos, logo 3 participariam nos Jogos e outros 3 ficariam de fora. Os meus colegas que estariam ligeiramente melhor classificados que eu prosseguiram a sua caminhada até Londres”, explica.

O nadador acredita que outras soluções podiam ter sido idealizadas, nomeadamente no que respeita à concessão dos Wildcards, “atribuídos a 18 atletas que supostamente nunca teriam tido hipóteses de participar nos Jogos Paraolímpicos, ou por falta de vagas ou por serem países menos representados... Mas, na verdade, o que aconteceu foi que esses mesmos Wildcards foram atribuídos a atletas que já tinham participado em várias edições de Jogos”.

Nem por isso se resignou a acompanhar pela televisão a elite do desporto mundial e apanhou a “boleia” dos companheiros para Londres. “Estar lá não foi fácil, doeu um pouco viver das bancadas o que poderia e deveria estar a fazer naquele momento. No entanto, deixou-me muito orgulhoso serem os meus grandes amigos a competir e levar a nossa bandeira bem alto nestes enormes palcos desportivos”. Foram eles Simone Fragoso, David Grachat, João Martins e Adriano Nascimento.

“Quando era miúdo ganhei o “bichinho” pelas piscinas”

Ainda benjamim, as prestações dos ídolos Michael Phelps, Ian Thorpe & Ca embeveceram o futuro atleta e semearam o desejo de um dia representar as cores nacionais na paraolímpiada. “Quando era miúdo, adorava ver os Jogos Olímpicos, as provas de natação despertavam-me um grande interesse e desde então ganhei o “bichinho” pelas piscinas e o sonho, pelo qual tenho trabalhado tanto, de participar nos Jogos Paraolímpicos”, conta.


E se de início a natação desempenhava “apenas” um papel importante na reabilitação de Emanuel Gonçalves, a quem foi diagnosticado aos 6 anos a síndrome de Guillain-Barré, hoje as piscinas ocupam-lhe 5 horas por dia, numa rotina que contempla também as aulas do curso de Educação Física e Desporto, na Universidade da Madeira. “Treino todos os dias da semana, 2h de manhã e 2h à tarde na piscina, mais uma hora de ginásio. O domingo é o único dia da semana em que posso descansar tranquilamente, exceptuando quando tenho provas”.

Emanuel Gonçalves lamenta que o desporto adaptado esteja “inserido num contexto muito ‘esquecido’ na nossa sociedade” e aponta o dedo à comunicação social que, no seu entender, dispensa poucas linhas ao percurso dos atletas com deficiência. “Abrimos um diário durante os Jogos Paraolímpicos em Londres, onde os portugueses estavam a ter brilhantes resultados, e apenas aparecem notícias referentes às recentes transferências no mundo do futebol, aos milhões da crise, à corrupção, às vidas dos jogadores famosos…”, critica.

Virando a página, o objectivo Rio de Janeiro está já bem presente no pensamento do atleta. “Tudo farei para lá estar, prometo que tudo o que depender de mim, será realizado!”. Palavra de campeão.


S10 – designa o tipo de deficiência do atleta. Na natação, as classes de 1 a 10 correspondem a uma deficiência motora que é tanto mais grave quanto menor for o número. 

1 comentário:

  1. p emanuel gonçalves para mim e um idolo independentemente de ir ou nao aos jogos paraolipicos

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