sábado, 29 de setembro de 2012

O Desporto Adaptado na 7ª Arte



O desporto para pessoas com deficiência caminha a passos largos para maior reconhecimento na sociedade, sendo os últimos Jogos em Londres prova inequívoca desse impacto.
No cinema, a abordagem deste tema ainda é escassa e as obras realizadas até hoje teimam em cair no esquecimento, raramente transitando para os circuitos de exibição comerciais.

Aqui fica uma compilação de filmes que se distinguiram.

Nota: este post será actualizado periodicamente

The Best of Men

Produzido pela BBC, no âmbito do regresso dos Jogos Paralímpicos à pátria-mãe, “The Best of Men” retrata as origens do desporto adaptado, no hospital de Stoke Mandeville. Ludwig Guttmann, neurologista alemão de ascendência judaica, é forçado a abandonar a Alemanha em 1939, altura em que o regime nazi é cada vez mais impiedoso na aplicação do ideário anti-semita.

Inconformado com o prognóstico de morte, que condenava os lesionados medulares a definhar, Sir Ludwig Guttman expõe ao “Medical Research Council of England” a possibilidade de estes pacientes se reintegrarem na vida activa. Assim nasce a unidade “National Spinal Injuries Centre” associada ao hospital de Stoke Mandeville. A 28 de Julho de 1948, realizam-se os primeiros Stoke Mandeville Games com 16 competidores ingleses, nas modalidades de tiro com arco e lançamento do dardo. A data escolhida não foi um acaso e demonstra o carácter visionário do médico alemão, pois, no mesmo dia, tinham início os Jogos Olímpicos de Londres.

O filme está disponível, na íntegra, no youtube. 

             


B1 – Tenório em Pequim

Com a conquista do ouro em Pequim, António Tenório tornou-se o primeiro judoca a subir ao mais alto lugar do pódio em 4 edições consecutivas dos Jogos Paraolímpicos. “B1 – Tenório em Pequim”, diz a crítica, oferece ao espectador uma visão alternativa, no extremo oposto do relato complacente que costuma pautar as obras cinematográficas que envolvem a temática da deficiência. Privilegia-se o enfoque competitivo, a animosidade entre os atletas e o próprio Tenório enquanto pessoa.

O filme dirigido por Felipe Braga e Eduardo Hunter Moura está disponível para aluguer no vídeoclube online brasileiro “Sunday Tv” por sensivelmente 2 euros.




 

                    


Murderball

O nome é indiciador da dureza do desporto apresentado no documentário: o rugby em cadeira de rodas.  Jogada por atletas com afectação dos membros inferiores e superiores, a modalidade é passada para a tela com mestria pelos realizadores Henry Alex Rubin e Dana Adam Shapiro, que não prescindem de chocar os espectadores com os detalhes que rematam a sua impetuosidade.

Nesta obra de culto, a narrativa gira em torno da rivalidade entre as selecções do Canadá e EUA, que ultimam a preparação para os Jogos Paraolímpicos de 2004, mas não se limita à competição. Também os momentos difíceis da reabilitação de jovens que recentemente contraíram a sua lesão e o papel interventivo dos atletas junto destes, levando-os a conhecer o desporto adaptado, merecem destaque e revelam uma sensibilidade extra na abordagem ao tema.

Amplamente galardoado, “Murderball” atingiu a popularidade internacional quando foi nomeado para o óscar de melhor documentário em 2006. Tem ainda a curiosidade de um dos protagonistas do filme, o ex-jogador e treinador dos canadianos Joseph Soares ser um luso-americano.

             


S9 – David Grachat

O documentário/curta-metragem marca a estreia de Felippe Gonçalves, jovem brasileiro licenciado em cinema pela Universidade da Beira Interior, enquanto realizador. “S9 – David Grachat” segue a par e passo o treino, as angústias, as ambições e os dissabores de um dos melhores nadadores paraolímpicos portugueses, tendo já arrebatado o galardão de melhor filme de desporto, no Erasmus Film Fest, e o 2º lugar, no Festival de Cinema Digital de Odemira, na categoria para “Melhor Documentário”.


                     
                     
Sledhead

O documentário acompanha a caminhada da equipa de Sledge Hockey (hóquei no gelo adaptado) do Canadá na perseguição do título mundial. A modalidade é uma das mais populares nos Jogos Paraolímpicos de Inverno, onde está inserida desde 1994. A avaliar pelo trailer, intensidade e rispidez são ingredientes que não faltam, já que cada jogador dispõe de um pequeno trenó, sobre o qual desliza, permitindo alcançar grandes velocidades, além de potenciar o contacto a uma escala que se arrisca superior à que se constata na vertente convencional do desporto.

“Sledhead” esteve em competição no Solstice Film Festival, em Minnesota, EUA, cujo site disponibiliza para visualização mediante pagamento.


             
                    

Carne Trémula

Pungente, cru e imprevisível – ao bom estilo de Almodóvar. “Carne Trémula”, que inaugura a colaboração de Penélope Cruz com o controverso realizador espanhol, gravita numa história em que há traição, ódio e amor; desprovida de moralismos e que a cada segundo insta subtilmente o espectador a fazer um paralelo com a sua vida.

A ligação ao desporto paraolímpico habita no facto de um dos protagonistas, David, interpretado de forma sublime por Javier Bardem, dedicar-se ao basquetebol em cadeira de rodas, surgindo em cena, ainda que por breves instantes, nomes sonantes da modalidade no país vizinho como Antonio Henares e Diego de Paz Pazo – “duplo” do actor e que recentemente brilhou na paraolímpiada de Londres.

             


The Terry Fox Story                                               
























Terry 



30 for 30: Into the Wind

              

As três obras cinematográficas, a última com a curiosidade de ser co-dirigida pelo basquetebolista Steve Nash, relatam a história de Terrance Stanley Fox, atleta e activista na luta contra o cancro. Em 1977, foi diagnosticado a Terry um osteossarcoma (tumor maligno que afecta os ossos), o que implicou a amputação da sua perna direita. O jovem canadiano, um desportista ávido, cedo ingressou numa equipa de basquetebol em cadeira de rodas e começou a participar em maratonas.

A 12 de Abril de 1980, após um programa de treino intensivo, Terry Fox iniciou a Marathon of Hope, onde pretendia percorrer todo o Canadá  com o objectivo de angariar fundos para a pesquisa do cancro. A 1 de Setembro, o atleta viu-se forçado a interromper a jornada, depois de 143 dias e 5373 km. Em Junho de 1981, Terry Fox não resistiu à doença e faleceu aos 22 anos.

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