Nome: Hugo
Maia
Idade: 34
Clubes que representou: APD-Sintra (1997-2010); GDD Alcoitão (2010 até ao ano presente)
Ano de iniciação no desporto: 1997
Patologia:
Bi-amputação dos membros inferiores acima do joelho
Ídolos: Magic
Jonhson, Tristan Knowles, Kelly Slater, Garret MacNamara e Jon Pollock
Reconhecido por companheiros e adversários como um
guerreiro dentro de campo, alguém que não dá um lance por perdido e se arrisca,
além do aconselhável, para vencer. Falamos de Hugo Maia.
Competidor-nato, no basquetebol em cadeira de rodas, Hugo
acumula vários títulos de campeão nacional pela APD Sintra e participações em
Campeonatos da Europa, ao serviço da selecção portuguesa. Em 2011, o
base-extremo do GDD Alcoitão não resistiu à possibilidade de experimentar uma
nova modalidade, bem à medida da sua sede competitiva, o surf adaptado. “Quando
fui ao evento Surf for All, surgiu o interesse da minha parte em explorar um
pouco mais a modalidade já que adorei a experiência”, conta.
Daí a tornar-se surfista fiel foi um ápice. E se palavras
fossem precisas... “Em cada momento que estou a dropar uma onda e a rasgar o
mar com uma parede de água nas costas sinto-me ainda mais vivo e com uma dose
de adrenalina brutal a percorrer-me as veias”.
Desejoso de, em colaboração com a Duckdive (escola de surf da
praia do Castelo), tentar “evoluir a prática e as técnicas”, tendo em vista o
desenvolvimento de “um quadro competitivo”, o atleta elenca pragmaticamente os
requisitos indispensáveis para colher os encantos e caprichos das ondas. “É
preciso mar, ondas (maré não demasiado grande), uma prancha que ofereça
estabilidade, um fato, gostar de água e vontade de levar porrada das ondas”; e,
em função da deficiência do praticante, são necessários “mais ou menos
acompanhantes de modo a que a segurança não seja posta em causa”, explica.
O empenho e a dedicação ao surf, que concilia com o
basquetebol em cadeira de rodas, valeram-lhe a distinção inesperada de "Surfista do Mês" de Agosto prestada
pela Associação Nacional de Surfistas e a MOCHE. “Foi uma grande surpresa. A
Associação Nacional de Surfistas deu-me uma breve explicação para o facto de me
terem escolhido. Segundo eles, quando me viram a apanhar ondas no evento, viram
a atitude de um surfista normal a apanhar ondas, apenas com a diferença de não
ter pernas”, revela honrado.
Um caso raro de
pioneirismo português
Contrariando o progresso anacrónico que caracteriza o
desporto adaptado nacional, o surf foge à tendência, inovando a todos os
níveis. O primeiro fato especificamente idealizado para praticantes com
deficiência tem o carimbo lusitano da empresa Janga Revolt, da Figueira da Foz,
assim como a primeira prancha adaptada, da autoria da XCult Surfboards, que foi
desenhada para Nuno Vitorino, antigo nadador paraolímpico e fundador da
SURFaddict, Associação Portuguesa de Surf Adaptado, precursora na área à escala europeia.
“É uma prancha muito leve e rápida com dois apoios para nos
agarrarmos na parte da frente e antiderrapante na superfície. Estas adaptações
estão optimizadas para quem surfa deitado, que não é o meu caso”, esclarece
Hugo Maia.
Para o atleta, a dinâmica gerada em torno da modalidade prende-se, sobretudo, com o factor cultural. “Temos um país com excelentes condições para o Surf e desportos aquáticos e o sucesso e adesão do primeiro evento Surf for All 2011 acho que teve muita influência nesta evolução”. E enfatiza. “São poucos os portugueses que não gostam ou não são apaixonados pelo mar”.
E será que o basket pode tirar ilacções do trabalho de
promoção do surf? O basquetebolista e surfista lembra que os alicerces deste
projecto não são de agora. “O surf já tem uma máquina promocional muito grande
com base em grandes marcas e atrai grandes nomes como patrocinadores”. No
entanto, assume que “as entidades responsáveis pelo BCR têm que se ajustar à realidade
dos dias de hoje e divulgar o mais possível”.
http://www.youtube.com/watch?v=inYxXCDnTp4
ResponderEliminarMais uma das suas facetas, e tão brilhante como as outras.