domingo, 7 de julho de 2013

Ténis em cadeira de rodas – João Sanona aponta ao Rio 2016, apesar do cenário difícil da modalidade em Portugal


DR
Idade: 34

Iniciação no desporto adaptado: 1993 no basquetebol na GDR Joanita, no ténis em 2011 no Clube Setenis Setúbal

Ídolos: Magic Johnson, Roger Federer, Esther Vergeer 

Patologia: Spina Bifida


Títulos/honras/participações:
Campeonato Nacional de Ténis em cadeira de rodas 2011 e 2012 (terceiro lugar em 2012)
I torneio internacional de Pinto – Madrid (terceiro lugar em pares) 2012
III Open internacional da cidade da Corunha 2013

Com apenas 2 anos de prática, o tenista João Sanona já acumula participações em Torneios Internacionais e em 2 Campeonatos Nacionais, constando no seu currículo alguns pódios. No horizonte, estão os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, uma “fasquia alta e complicada”, mas não intransponível. O plano é claro: disputar mais provas internacionais do circuito ITF – International Tennis Federation - de modo a escalar o ranking e partilhar da excelência e do sonho de um palco paralímpico.

Face ao ténis convencional, ressalta uma característica específica. “A única diferença do ténis adaptado é que a bola pode ter dois ressaltos. O primeiro sempre dentro da área de jogo e o segundo pode ser ou não dentro da área de jogo”, explica o atleta setubalense. O elã pelo “vai e vem da bola”, esse, alcança uma magnitude universal, que não olha à condição física do atleta.

No entanto, também ela é ponderada. Para que a competição não seja permeada pela injustiça, correspondendo enganosamente o mérito à funcionalidade, atletas com lesões acima da vértebra C8 (maior severidade), actuam na vertente Quads. João recomenda-nos uma pesquisa rápida no youtube, digitando “Nick Taylor”, tenista que joga “em cadeira de rodas eléctrica e [que] apesar de todas as limitações dá um gozo tremendo ver jogar”, afiança.

Shingo Kunieda e Stéphane Houdet - Ezra Shaw - Getty Images

No que a rivalidade diz respeito, o japonês Shingo Kunieda (nº1), medalha de ouro nos Jogos de 2008 e 2012, detentor de um registo de 106 vitórias consecutivas; e o francês Stéphane Houdet (nº2), prata em Londres, emulam a contenda Nadal vs Federer, no circuito em cadeira de rodas. 

Outros bons valores despontam, como o argentino Gustavo Fernandez e o britânico Gordon Reid, “e que com certeza vão dar luta nos próximos tempos”.


A modalidade em Portugal

DR
A integração do ténis em cadeira de rodas na Federação Portuguesa de Ténis - FPT - é uma aposta ganha para João Sanona, que considera que estratégia semelhante deveria ser gizada noutras modalidades adaptadas. “Concentrar  assim os recursos existentes apenas numa tutela, permite maximizar os apoios do estado, mecenas e patrocínios”, explica.

Além disso, a componente de cadeira de rodas integra a formação dos treinadores e “outro dos aspectos positivos é a organização do campeonato nacional”, com periodicidade anual desde que a FPT assumiu o controlo da modalidade. O único senão reside em “alguma falta de persistência para conseguir angariar apoios para divulgar mais a modalidade e para participações da selecção Portuguesa na World Team Cup, uma prova equivalente à Taça Davis”.

Os esforços enveredados continuam no entanto a revelar-se insuficientes na captação de atletas. Afinal, são apenas 5 os praticantes da modalidade em Portugal. Porquê? “Há pouca cultura desportiva. Outro factor é a falta de divulgação. Muitas das pessoas com deficiência não sabem que se pode praticar ténis em cadeira de rodas”, lamenta. “Temos tentado combater isso com acções de divulgação e eu próprio criei uma página de facebook Wheelchair Tennis Portugal para passar o 'bichinho' do ténis". 

As restrições para a prática da modalidade prendem-se sobretudo com a acessibilidade dos clubes e academias, já que, como referido, a formação de treinadores não constitui problema, contemplando um módulo acerca do ténis em cadeira de rodas. “Mas aconselho a quem queira praticar que contacte a federação portuguesa de ténis”, diz João Sanona.

Subjacente a muitos dos obstáculos, estará a carência de visibilidade do desporto adaptado, reservada para “quando há paralímpicos. De resto a maioria dos portugueses desconhece os resultados e participações que se fazem fora do contexto paralímpico; desconhecem que existe um campeonato nacional de basquetebol em cadeira de rodas, que houve um campeonato nacional de natação adaptada”.



Curiosidades:

- No ténis em cadeira de rodas, o “serviço” chega a atingir os 135 km/h.

- A modalidade nasceu em 1976, nos EUA, pela mão de Brad Parks e Jeff Minnenbraker. Surge em Portugal no ano de 1994.

- Portugal participou apenas uma vez na World Team Cup.

Sem comentários:

Enviar um comentário