Foto: Susana Luzir |
Nome:
Heinz Frei
Idade: 55
Naturalidade: Solothurn, Suiça
Equipa: TopEnd - Küschall
Iniciação
no desporto: 1980
Patologia: Paraplégia
Ídolos: Sebastian Coe
Provas
predilectas: Maratonas de Berlim e Oita
Marathons; e os Jogos Paralímpicos
Principais
distinções: 10 vezes Melhor Paraatleta
Suiço do ano
Palmarés: 31 medalhas paralímpicas entre 1984 e 2012, 15 de ouro;
13 títulos de campeão do mundo; recordista do mundo da Maratona e dos 100 km;
111 vitórias em maratonas internacionais entre 1982 e 2011
As
31 medalhas paralímpicas e a participação em 8 edições dos Jogos de forma
consecutiva – entre 1984 e 2012 – tornam redundantes todas as palavras. O nome
de Heinz Frei não inunda os média como outros craques efémeros, mas fará
companhia nos livros de História aos que pela prestação desportiva ensinaram
mais ao mundo que o culto da vitória. Aos 55 anos, um dos melhores atletas de
sempre arranca para a participação em mais uma Meia-Maratona de Lisboa, tantas
que o próprio assume que já lhe perdeu a conta.
Foto: Susana Luzir |
A
prova, considera o atleta suíço, é uma das melhores do calendário nesta
distância, frisando que “os atletas em
cadeira de rodas são muito bem integrados”. Mas, na verdade, Heinz Frei nutre
um carinho especial por Portugal que o impede de falar sem que o coração lhe
tolde o julgamento. Corria o ano de 2002 quando, num estágio após a
Meia-Maratona de Lisboa, teve conhecimento das dificuldades com que se
debatia o ex-atleta português João Correia.
Sensibilizado
pela falta de condições materiais que o jovem de Santo Tirso enfrentava, decidiu
oferecer-lhe a cadeira com a qual havia batido o recorde do mundo da Maratona
em 1999. “Para mim foi um prazer dar a cadeira ao João para que alcançasse
melhores prestações na Liga Internacional. Ele tinha muita motivação e fez um
excelente trabalho com o que dispunha!”, realça.
A relação entre noviço e mestre não se quebrou até hoje. E quanto à cadeira, João Correia deu-lhe bom uso, conquistando a primeira medalha portuguesa a nível internacional, na categoria de cadeira de rodas. Em 2005, somou novo êxito, na Finlândia, ao trazer 1 medalha de prata no Campeonato da Europa.
A relação entre noviço e mestre não se quebrou até hoje. E quanto à cadeira, João Correia deu-lhe bom uso, conquistando a primeira medalha portuguesa a nível internacional, na categoria de cadeira de rodas. Em 2005, somou novo êxito, na Finlândia, ao trazer 1 medalha de prata no Campeonato da Europa.
“Adoro o desporto, o que envolve e a
qualidade de vida que me proporciona”
Também
por isto Lisboa lhe diz tanto. Provavelmente o melhor atleta de todos os tempos
de desportos em cadeira de rodas e um dos nomes mais cimeiros da cena paralímpica,
Heinz Frei não afugenta o rótulo, nem o agarra. Fica-se pela modéstia dos
números. “É possível que seja um dos
melhores atletas de sempre de cadeira de rodas. Ganhei 15 medalhas de ouro, 11
no atletismo, 3 no ciclismo e 1 no cross-country skiing. Ouro em 3 modalidades
em 8 Jogos Paralímpicos de Verão e 6 de Inverno... Bom, penso que isso é
especial e em certa medida uma loucura”, sublinha.
O
ecletismo desportivo que demonstra suscita a pergunta óbvia sobre qual a
modalidade que mais o entusiasma. Aparentemente despropositada, já que Heinz é
magnânimo na escolha. “Adoro-os a todos. O desafio de tentar a perfeição noutra
modalidade torna-me mais forte e traz-me uma grande motivação”. Popular no seu
país, onde se diz “sentir muito bem” e acarinhado, deixa um desabafo enigmático
sobre a postura do IPC – Comité Paralímpico Internacional. “Não tenho tanta
certeza que o IPC conheça bem a minha carreira e prestações”.
E o
que motiva o corredor natural de Solothurn a prosseguir a carreira aos 55 anos?
Responde de forma tão singela quanto objectiva. “Adoro o desporto, o que
envolve e a qualidade de vida que me proporciona”. Por isso, embora não esteja
no horizonte participar nos Jogos de 2016 no Rio de Janeiro, “se já não for
atleta”, espera “encontrar outro papel” fora das pistas.
Por
agora, concilia o treino com o trabalho no Comité Paralímpico Suíço, desempenha
funções em comités de organização dos desportos em cadeira de rodas e realiza
várias palestras no âmbito da Federação Suíça para a Paraplegia, do desporto
adaptado e de como viver em cadeira de rodas.
Heinz
Frei despede-se com uma frase que bem podia sintetizar a felicidade. “A minha
vida é muito rica e poderosa. Sou feliz e interesso-me por muita coisa neste
mundo”. Domingo, o “jovem” atleta volta
a brindar Lisboa com uma exibição de talento e perseverança.
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