sexta-feira, 14 de setembro de 2012

“Rollaball”, África também é sinónimo de criatividade


Eis um projecto que não merece passar despercebido. “Rollaball” é um filme que retrata uma modalidade em ascensão no continente africano, em particular no Gana, designada Skate Soccer, e que tem vindo a ser praticada por vítimas da poliomielite. Não há aqui significados velados. O Skate Soccer consiste numa fusão entre skateboarding e futebol e o seu impacto visual apaixonou o realizador sul-africano Eddie Edwards, que achou digno de uma obra cinematográfica.

O documentário já leva 28 minutos, mas escasseiam os fundos para a sua conclusão. Por isso, a equipa do “Rollaball” decidiu alojar o projecto na plataforma de financiamento colectivo “Kickstarter”, requerendo 35 000 dólares para o efeito, num prazo de 30 dias. 15 112 dólares é o número alcançado quando restam 8 dias. Caso o montante não seja obtido na totalidade até ao dia 22 de Setembro, quem contribuiu para financiar o “Rollaball” é ressarcido e outras fontes de crédito terão de ser equacionadas.

Não há um quantia mínima exigida para os donativos e a partir de contribuições de 10 dólares, os filantropos são recompensados com prémios de vária ordem e notas de agradecimento pessoais. Por exemplo, quem dispõe de 40 dólares recebe uma fotografia autografada por Michael Essien, tirada após a vitória do Chelsea, na última edição da Liga dos Campeões.

             

As filmagens operadas até ao momento têm como pano de fundo a região ganesa de Accra e acompanham os Rolling Rockets, selecção nacional da modalidade. Num país que venera futebol, além de Michael Essien, jogador do Real Madrid, Sulley Muntari, que representa o colosso AC Milan, também presta o seu apoio à causa.

Foto retirada do site oficial do "Rollaball"
A equipa por trás do “Rollaball” esclarece, na descrição do projecto, que o filme pretende reflectir o quanto o desporto pode ser uma via de reinserção na sociedade e de recuperação psicológica para os atletas em foco, já que no Gana, à semelhança do que sucede noutros países africanos, o estigma da deficiência é asfixiante e conduz mesmo à marginalização destes homens. Por outro lado, os mentores do “Rollaball” rejeitam liminarmente a concepção melodramática e unidirecional em que, por norma, assentam os filmes sobre África, com a sida, a guerra e a violência a assumirem o papel de protagonistas exclusivos.

De acordo com Kevin Kriedemann, fonte do “Rollaball”, o primeiro jogo de Skate Soccer disputou-se em Lagos, Nigéria, no ano de 1988, e desde então a modalidade disseminou-se pelo oeste africano. Em 2009, Albert K. Frimpong, responsável pela Sports and Youth Development Organisation, em Accra, iniciou a actual equipa nacional com sobreviventes de poliomielite que mendigavam nas ruas. Agora, todos os domingos reúnem-se numa praça de táxis deserta, onde se entregam a um desporto que começa a reclamar uma vaga nosJogos Paralímpicos. Nesse sentido, Gana e Nigéria defrontaram-se recentemente naquele que foi o embate internacional de estreia do Skate Soccer e Albert K. Frimpong espera organizar a primeira Taça das Nações Africanas em 2013.

O Rollaball foi uma das 20 películas premiadas com o Puma.Creative Catalyst Award – um fundo internacional para o desenvolvimento de documentários -, em parceria com a BRITDOC, no ano de 2011, e constou dos finalistas do Sheffield Doc/Fest, em 2012. 

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