Uma nota a reter deste 2º dia de
competição em Londres: Patrick Anderson está num nível estratosférico. Na sua
quarta participação em Jogos Paralímpicos, o craque canadiano demonstra que a
idade não passa por ele e com tamanhas prestações nem o excesso de veterania da
equipa parece ser obstáculo para a chegada às medalhas.
Frente a uma Grã-Bretanha disposta a
redimir-se do desaire na ronda inaugural, os canadianos entraram determinados,
montando uma defesa pressionante a todo o campo, mas os anfitriões castigaram a
ousadia forasteira concretizando jogadas de ataque rápido com Simon Munn em bom
plano ao anotar 5 dos seus 7 pontos. A réplica dos europeus foi sol de
pouca dura.
Ao contrário do que sucedera contra a Alemanha, faltou estro e
serenidade a Terry Bywater no ataque ao cesto, não sendo por isso uma surpresa
os escassos 3 pontos alcançados pelo extremo dos Sheffield Steelers. Já Jon
Pollock (8 pts, 4 ressaltos e 4 ast) - que se descreveu em entrevista ao
"Telegraph" como um rotweiller zangado, dentro de campo - não
"mordeu" tanto quanto a plateia do North Greenwich Arena desejaria, o
que se reflectiu, muitas vezes, no desnorte dos seus companheiros. Ainda assim,
foi JP quem mais remou no 2º tempo para a reviravolta ao concretizar 2
lançamentos triplos, a sua arma predilecta, e um de dois pontos, colocando os
britânicos a 7 – 29-34 ao intervalo.
Só que o dia era de Patrick
Anderson. Quebrando o momentum do adversário, Anderson exibiu-se de forma
sublime, indiferente à hostilidade do público, justificando o rótulo de lenda
com assistências primorosas, dribles que desafiam os cânones, lançamentos de
sucesso improvável e sobretudo um crer inexorável em perseguir a vitória.
Resultado: 29 pontos, 14 ressaltos, 10 assistências e 3 roubos de bola. E nada
mais há a dizer. Neste jogo, coexistiram dois espectáculos: o de Patrick
Anderson e o dos seus colegas de ofício. Também é assim na modalidade. Há uma
era antes e depois de Anderson.
Foto: International Paralympic Committee |
Na competição feminina, a
Alemanha pôs fim ao registo imaculado das norte-americanas que não perdiam
desde Atenas 2004, num jogo em que o equilíbrio foi uma constante.
Após um começo titubeante de
ambos os conjuntos, finalistas em 2008, a Alemanha tomou as rédeas,
aproveitando os espaços concedidos pelas americanas que forçavam a recuperação
de bola através de pressão a campo inteiro. A base Annika Zeyen (11 pts, 3
ressaltos, 6 ast e 1 roubo de bola) e Edina Mueller (10 pts, 3 ressaltos, 1 ast
e 1 roubo de bola) foram as que melhor capitalizaram os deslizes defensivos das
actuais detentoras do título.
Do lado americano, Rebbeca Murray (10 pts, 5
ressaltos, 7 assistências e 1 roubo de bola), no tiro exterior, e Desi Miller
(12 pts, 7 ressaltos, 1 ast e 1 roubo de bola), na área pintada, contestavam o
ascendente bávaro. No final do 1º período, o marcador assinalava 17-13
favorável à Alemanha.
A agressividade defensiva
viria a ser decisiva ao longo encontro e deu frutos para as germânicas, no 2º
parcial, que obrigaram a selecção americana a esgotar os 24 segundos sem
conseguirem armar o lançamento. Ainda assim, o período foi ganho pelos
EUA que lograram o empate – 23-23. A liderança mudou de mãos 7 vezes na segunda
parte até que a capitã Marina Mohnen desequilibrou a contenda, pois, só no
último quarto, marcou 9 dos seus 15 pontos.
Outros jogos
A Espanha prossegue a boa
campanha, tendo derrotado a África do Sul por 74-50. No Itália-EUA, a vitória
sorriu aos americanos – 77-51, enquanto a Austrália suou para bater a Turquia
por 71-64. No lado feminino, a Austrália venceu a Grã-Bretanha (51-24) e o
Canadá foi superado pela Holanda – 59-70.
Jogos em destaque no dia 3:
Masculino
Austrália-Espanha
Turquia-Itália
Feminino
Canadá-Austrália
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